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Mostrando postagens de maio, 2021

emanon,

  Emanon. eu morri de medo de você. sim, porque os pais sempre te usaram como mais uma das narrativas folclóricas para domesticar crianças no medo; era o “sim” compulsório, ou você. arquétipos montados duma fisionomia juramentada grotesca, aos poucos decaíram peça por peça, porque, no fim, você é sobre sedução. aos quinze eu te vi transpassando uma árvore que devia estar ali desde o início dos tempos, o Dito-cujo teria serpenteado naqueles galhos. clichês eram regra e por tal você usava um vestido preto, e o cabelo inacreditavelmente escuro era como uma coroa, muito leve, feita de anuns. eu delicadamente assisti você. e fingi ter me assustado. mais velhas você esqueceu propositalmente a luz do meu quarto acesa. me esgueirei pelo corredor e te descobri no centro exato do cômodo, sentada num banco vulgar, uma decoração própria de saudek. sua cabeça pendia como se da nuca falhassem vértebras e o cabelo cortinava o proibido. verbo foi assalto e não, eu não quereria a trivialidade d...