anatomia de um ataque de pânico
Trancada. A chave por dentro. Do outro lado da porta eu escuto cada fonema que me prova minha derrota. Fragmas dos vídeos que há pouco mais de meia hora exibiam outra de mim às gargalhadas e piadas estúpidas. No intuito de mascarar. De mentir o que já brotara desde cedo. Há alguém encostado na porta, uma voz que deveria acalentar, mas eu não sei. Não sei mais sobre amigos conhecidos estranhos ameaças. A música chega até aqui e eu odeio. Odeio não poder esticar as pernas. Odeio não inspirar o suficiente, o ar ricocheteando vago. Quero ir embora, desabar em casa, mas não consigo passar pelas pessoas na sala, conversando, rindo, comemorando. Tampo os ouvidos com mais força do que deveria mas os sons ainda perfuram. Isso já me aconteceu? Acho que nunca aconteceu. Ou talvez não assim. Ou talvez todas as vezes que se manifesta seja tão diferente e colossal que pareça único ...