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Mostrando postagens de agosto, 2019

anatomia de um ataque de pânico

Trancada. A chave por dentro. Do outro lado da porta eu escuto cada fonema que me prova minha derrota. Fragmas dos vídeos que há pouco mais de meia hora exibiam outra de mim às gargalhadas e piadas estúpidas. No intuito de mascarar. De mentir o que já brotara desde cedo.  Há alguém encostado na porta, uma voz que deveria acalentar, mas eu não sei. Não sei mais sobre amigos conhecidos estranhos ameaças. A música chega até aqui e eu odeio. Odeio não poder esticar as pernas. Odeio não inspirar o suficiente, o ar ricocheteando vago. Quero ir embora, desabar em casa, mas não consigo passar pelas pessoas na sala, conversando, rindo, comemorando. Tampo os ouvidos com mais força do que deveria mas os sons ainda perfuram.  Isso já me aconteceu? Acho que nunca aconteceu. Ou talvez não assim. Ou talvez todas as vezes que se manifesta seja tão diferente e colossal que pareça único ...

13 milhões

tentei de novo. o gosto criando a boca. não um abreviar dos anos mas uma mercantilização deles. e o que deveria manter-se no impessoal culminou em química preta - grogue e indinstinta. grogue e indistinta - não sei onde terminam meus membros. tentei de novo; o oposto dos meus esforços diários e agora torno, a cara inchada por explodir, ao meu ponto de partida, 18 anos. mas nada mais tenho que me lembre as promessas por se cumprirem,  o extinto privilégio da dúvida  o tempo a meu favor - meu deus mais próximo, onipotente. dionisíaco. meu amado baco foi nada mais que traído. salto meu próprio esqueleto envergado  prostrado sob a suposta dignidade que confere o trabalho. eu me vendo custe mesmo minha ideia desbotada  desbocada  de alma. e me disponho à mais vagabunda pechincha. levem minha mão de obra,  e o que mais pareça serventia mercadológica. ...

Eu vou ficar bem

Você demonstra se preocupar comigo e insiste que preciso conhecer novas pessoas. Antes mesmo de te ouvir terminar a frase, meu coração dispara encurralado e prevejo alguma intenção sórdida por trás dessa suposta preocupação. Você me acha dependente emocional e não quer que eu construa esse tipo de elo contigo; você forja se importar com minha inabilidade social para enfim poder se livrar da minha companhia pesada e meus assuntos melancólicos. Outra vez eu sou esse pólo negativo que repele as pessoas, um fardo imenso até para aqueles que juraram não se assustar - como você, no início. As pessoas costumam me garantir que é um problema a ser lidado e que não sairão correndo quando minha voz sumir e meus olhos tentarem mergulhar no globo. E então elas me descobrem e passam a dar desculpas e se esquivar ate mesmo das minhas investidas nos dias mais tranquilos. A verdade é que p...