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Mostrando postagens de maio, 2019

cessar-fogo

o país pegando fogo - mas esse meu incêndio é outro... aqueles rútilos azuis vizinhos dos vazios onde houver morte a se desfazer é disso que me faço fosso. o país pegando fogo eu apegada à fronte fria a fronteira mínima entre o cárcere  e o mais que querer  uma a uma minhas verdades sendo substituídas pelo teu gosto pra que eu pudesse um pouco provar... fingindo no meu mundo adentro existir estável e certo pra no cotidiano concreto me desconhecer na mesa de bar. a ponto de eu ter que me tornar escândalo  ou você me passava batido - e eu me convencia surrando.  nos meus pulsos, cada briga tantas noites, mal dormidas minhas recaídas, tuas fugas mea culpa eu te pedia mea culpa e a loucura avultando o real insistindo e insistindo antes d'eu ser mais estatística. estática esperei na esquina uma ridícula prova. bastava aparecer. e eu te veria inteiro r...

carnaval

nossa última viagem em nada comunicou-se com a primeira. numa barraca minúscula  você a anos-luz de mim. eu sabia que muito você escondia e tu não suportavas o quanto eu expunha. escolheu então as estrelas acompanhadas de umas cervejas, eu fiquei a sós onde seria nosso encontro, nosso encanto,  contando minhas estrias. até rolei para dentro os olhos - e como era outro meu corpo enquanto nós... não podia nem sequer me dizer eu. quando você se deixou cair sobre o colchão, pelo sono, e não por mim, me virou as costas acostumado. mas eu, igualmente acostumada, contei dedo a dedo os teus sinais e as gêmeas estrias nas tuas costas cheirei tua pele pura noite adentro e soube, mas neguei, que não existiríamos mais. mas neguei. eu neguei até o fim, ralhei comigo mesma, imperativa me ordenei tentar e aos rodeios quis mesmo coagir dizer sou eu, sou eu, aquela por quem você s...

genesis

quando isso começou? e isso é pergunta que se faça? mas você ousa, eu gosto disso. olha bem que eu não sei. também não foi disso de acordar, olhar em volta e terem sumido as cores. o povo pensa que eu vejo em tom cinzento, ou até preto e branco, uma suposição antitética, dicotomizando a mim. mas não, eu vejo as cores, opacas, claro. uns vermelhos mais vibrantes, aquela cor de sangue fresco do miolo do corpo, uns pretos mais foscos como o preto mais preto do mundo. eu tenho visto umas cores, só não faço parte delas. mas retomando, quando isso começou. não existe uma fronteira rígida que me denuncie, hoje eu só me arquiteto na desistência, acho que foi se chegando como uma gangrena - bem discreta tomando tudo pelo subterrâneo, até que eclode e você perde um bocado de si. o que eu perdi de mim? se eu disser que não foi tudo estaria mentindo, e eu só minto à noit...

as palavras não têm sido fáceis

as palavras não têm sido fáceis.  tenho caçado, em vão, armada até as memórias  mas sempre torno à casa de patas pendendo. espalmadas e atadas as palavras roeram meus verbetes me perguntam o que há eu só choro, balbucio  quando muito, murmúrio teu batismo mas nada há além das patas espalmadas, atadas tensas. eu não sei quando ou como ou quanto aconteceu, da última vez que me dei conta estávamos cá, eu tu e nossas crias de planos nossas veias quase geminadas tão correntes e coesos viviam nossos corpos  pouco lembro da alma é verdade, eu esqueci da alma, e dela só coube a noite escura. cavalguei a ti vezes demais escondendo os olhos,  renegávamos abraçar os dedos e atuamos como se fosse  pura displicência no caminho desrespeito à ordem natural da morte, nossas carcaças repeliam-se. emudeci o corpo porque ain...