cessar-fogo

o país pegando fogo -
mas esse meu incêndio é outro...

aqueles rútilos azuis
vizinhos dos vazios
onde houver morte a se desfazer

é disso que me faço fosso.
o país pegando fogo
eu apegada à fronte fria
a fronteira mínima entre o cárcere 
e o mais que querer 

uma a uma minhas verdades
sendo substituídas pelo teu gosto
pra que eu pudesse um pouco
provar...

fingindo no meu mundo adentro
existir estável e certo
pra no cotidiano concreto
me desconhecer na mesa de bar.

a ponto de eu ter que me tornar escândalo 
ou você me passava batido -
e eu me convencia surrando. 

nos meus pulsos, cada briga
tantas noites, mal dormidas
minhas recaídas, tuas fugas
mea culpa
eu te pedia
mea culpa

e a loucura avultando o real
insistindo e insistindo
antes d'eu ser mais estatística.

estática esperei na esquina
uma ridícula prova. bastava aparecer.
e eu te veria inteiro resplandecente
todo feito do que fere os olhos.

nem teu Palio ou teus chinelos.

o choque de continuar respirando
e o trânsito não ser afetado
e as pessoas trocarem trivialidades
e a gravidade ainda sustentar o mundo
sem você nunca chegar 

na ala psiquiátrica assim como no inferno
dia e noite são conceitos
todos os pés se arrastam:
escapar um pouco da interminável hora
nesse interminável rodeio

diabos amarrados precariamente
os gritos - e como não haveria?
copinhos com comprimidos coloridos
e a checagem debaixo da língua.

debaixo da língua só o árido 
e as justificativas que nunca engoli.

debaixo da queima só os átrios
e o atrito a que não sobrevivi.

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