descobri que tenho de carregar uma peneira discursiva,
descobri que tenho de carregar uma peneira discursiva
e tal veto não parte de regras subjacentes
mas o chão sob nossas interações determinam que eu me contenha.
por isso
você me diz que tenho muita coisa no olhar
mas quer que eu o cerre às vezes.
e me esfiapa em seletividades psico-normativas
à caça inflexível de possuir só aquilo que é dócil
corrigindo as asperezas
me sabe o grotesco
mas mais enfeia por anti-desejo
e essa compulsão por decifrar e equacionar em consonância
te desfoca da prosódia
você condena meus clichês sem considerar
que eu só tenho as palavras que criaram
os psi(coesos)
uma noite ele se virou para o banco traseiro do carro e disse que eu o assustava
não doeu ser assustadora
doeu que ele não se dispusesse também ao assombro
eu que nego
vontade disso
mas toda melancolia me atrai
e mora esse tesão pelo terror
também eu quero
os espaços dentre.
descansar da obsessão pelo encaixe
sob a glória de não insistir
em performar peças inteiras sobre o que é mediano e básico
e então despir lascivamente das camadas simpáticas
descansar da teoria e sua didatização
- do trauma bélico de a mim justificar
porque meu jeito teve de servir a um “assim” apartado
a modo de segredo sujo
e de código que requer anistia
a cura -
só um aprisionar em disfarce
para caminhar entre os seus
me juraram não mais que um relógio avariado
calculando tempo suficiente pra tantas mortes simbólicas
e só me querem salvar
por mero mimo
à castidade mental