horror vacui
o estupro tomou meu corpo e hoje sou uma inquilina um parasita frágil me mantendo viva através das sensações neblinadas e da supressão de memórias o estupro se apropriou da massa deformada (e não há nada mais nojento do que um corpo que se escorre) da pele que se estende com repulsa (e a ela abro porque não há mais o que possa ser aberto) e a erogeneidade encerrada em caixões de chumbo resvala mais funda que qualquer vítima de radiação é de uma dormência ardida em que — mesmo ao encontro da gentileza de uma língua contraio seca. expulso espasmada como subserviente à ferida antiga que a fisiologia garante cicatrizada. tardei entrar em contato até que as convulsões de uma febre anômica se embrenhassem em cada ponto ensimesmado ramificando em capilares toda a recordação encarnada à prova de verbo e recusa tardei. agora o crime é o que preenche ao tomar matéria e novas habilidades fazendo meu corpo ...