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Mostrando postagens de dezembro, 2024

whore

é bem verdade que só o teu rosto o teu rosto sangra a minha lágrima que flameja um transplante. assim deitados com as testas encostadas na presença da minha melancolia familiar mereceria a cena uma pintura medieval sobre o demônio do meio-dia que não pressiona o peito, pois mais abaixo em ti quem o faz sou só eu . tuas algumas palavras que me soam perigos também guardam  essa firme dureza na voz para afugentar a bizarra fauna que desponta amontoada dos lares do meu desassogego e que esbraveja para te tocar. prova disso é quando me movo sutilmente e há  orgásmicas fincadas nas costas onde tuas mordidas fizeram auréolas  e meu grito contrariado suicida-se porque decepciona a própria natureza da dor. assim deitados com as testas encostadas eu percebo que tuas pálpebras dispersam uma fragrância do que é recém-nascido puro virgem os teus cílios são asas de ágeis gaivotas que indicam terra. as minhas lágrimas encontram foz nas tuas maçãs  que enrubescem à menor variação d...

schize

contra mim a furiosa serpente intangível  que se enrosca estrangulando as malhas dos corpos pobres corpos cuja epigenética versa sobre uma obsessão acetinada – ele ele ele pulsando se arrebentando contra o esterno cento e vinte vezes por minuto a ponto de ser ouvido do outro extremo de um quarto – nada mais que faça jus ao dever de viver senão tais olhos mas a meu favor  quando acata meu devir de animal rastejante e me convida a ser ainda mais terrível  quando posso dizer que das coisas que prefiro é ele a maior e ainda assim não assustá-lo, quando  tenho permissão para percorrer euforicamente o relevo de seu corpo visível  como quem frui da suprema ebulição de uma arte clandestina  contra mim, o bamboleio de quando decide que não e não  e arranca a si mesmo da minha boca. quando  abruptamente gira nos calcanhares em direção à saída de emergência  e guilhotina o fluxo da dança justo quando aprendi a mimetizar seus movimentos. então ateio fog...

quase

eu quase chego na hora exata de ser uma escolha uma escolha anunciável - estive a três corpos de distância,  talvez  pulso tão perto do teu peito a ponto de vibrar também as marteladas o teu caminho por pouco não esteve entrelaçado à minha febril marcha. a tua vida por pouco não esteve pronta a me comportar. propositalmente,  mantenho fora a metade do corpo mais acidentada. eu discurso de sobre uma muralha, recolhendo os membros que pecam a dependurar-se às vezes. - diz da urgência biológica minha pela queda - monarca de uma faixa íngreme de terra  sob ameaça de ser aniquilada do mapa  caso eu ultrapasse um pé que seja ao acordo - ainda que tu mesmo me convides para depois jurar uma miragem. à noite eu quase sou nativa   do teu berço. logo em seguida, tua língua à minha é quase  materna. quando estupidificada me iludo que o cessar-fogo é um excerto de tempo seguro para habitar tua terra. mas então, como de praxe,  sombra aveludada que busca ate...

caio,

temias surgir a mim do pico da minha invenção .  e que a ti obnubilasse com minhas próprias projeções  pretas no branco e assim amasse de ti o que é meu – te distorcendo a corporeidade gris de acordo  com meus anseios carências fundamentais, minha falta de tato, minha tangente vazia  o peso a curvar os ombros e deixar oco o rosto mas essa névoa quimérica jamais  se demora. eventualmente eu te culparia pelo luto de quando desgastadas as fantasias. tal como fazem os organismos mais pueris desacreditados da tragédia que precede  o delírio deparar-se com sua oxidação  – mas mad girl's love song não seria escrito para você. em minha defesa, os teus olhos sempre se preservaram nus  e exigentes que se estripasse a derme de qualquer ultrarromantismo idealista portanto soube eu de imediato  e antes de tudo-o-mais o que eu não encontraria em ti o que eu não deveria caçar  e os quereres cujo dever vital era a extinção  antes mesmo de tudo-o-m...
teu suor me batizasse, tua semente me ungisse. e no abismo da faringe, transbordasse meu calar . à sinestesia de uma cerimônia, inalo tua testa, duma fragrância metafísica  cujos captadores só desenvolvem aqueles destinados a amar violentamente.  trisco os lábios nos teus cílios  tremem, tímidos, teus olhos fechados. temendo te acordar, te acaricio com dedos feitos de pena. teu ressonar enrubescido é meu ruído branco. balbucia um euteamo e não sei se você recorda mesmo quem está ali. inconsciente, arremessa braços pernas   na inteireza semi obscena do instante em que, envolta pela tua carne, respirando abafado quase entre tuas vísceras, estivesse eu em um casulo de ti. ao teu redor, o mundo é um detalhe ossudo  e pontiagudo  do ofício. eu mariposa medíocre em sua filogênese amaldiçoada  de espiralar rumo à aniquilação na luz carmesim que só você emite  ao final do meu túnel. cumpro minha curtíssima vida de tentar te alcançar. anseio dizer sou...