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Mostrando postagens de agosto, 2020

lateralus

basta que avance a hora escura  e o suplício  como um solstício  e o lamento  como uivo atiçado  por um astro noctivo  então eu que ressurjo da combustão  uma outra mesma vez como um pássaro abatido com meus discursos sobre o cansaço  ainda mais cansativos  ao teu ouvido — pois que já se inauguram repetidos  e depois dos ouvidos, seus olhos, sim, seus olhos reviram . sofro com o segundo branco  automático da sua esclera  e realizo que nenhuma afeição resiste ao mesmo eco. das iguais aspas.  cedo você me garante sobre a armadilha que são minhas previsões e conclusões distorcidas e se impacienta pelo caráter cíclico   exatamente como uma roda de íxion  do erro em conserva — um vício  lá fora, adiante, é claro  — o meu absurdo é óbvio  e parece que escolho me abandonar ao delírio sem n em ao menos contestá-lo. promete que se eu me debater o bastante — como se carbonizasse mais que o fogo como se agoni...

onde o seu verme não morre, e o fogo não se apaga

um para-sempre parcelado solilóquio polifônico de um falso regaço. não pisam as virgens nesse altar. apenas o corpo e o sangue que serão entregues por nós  nada menos sacro, ou destituído de livre-arbítrio.  sim. temos a inviolável liberdade para escolher — dentre a fúria ou a violência,   sumo sacerdotes do sumo sacrifício  um ato solo cuja  via crucis reformulada consigo mesmo não acaba depois de acabado o ator (órfão de qualquer anúncio trovejado) e obrigado à ressurreição, vindo aos demais como personagem imaterial fruto nato da especulação  que projeta e projeta na oralidade e escrituras proibidas  no imaginário, sim, nas fantasias. e todos ouvimos falar das mães. e em como nelas se detém  no mandamento de não tornar  a própria dor uma outra  rebentos e arrebentados ao ninar das lâminas de supermercado aos venenos prontos para ratos às drogas prescritas convertidas  em armas químicas ...

não pense que a linguagem iria tão longe

quando chegaram foi sem consulta, grandes largos e lustrosos como torres de marfim . quando chegaram trouxeram junto o teatro dos traumas e o consenso superestimado   de que não era nada mais não, que era coisa de criança .  sim, é mais provável que fosse.  nasceu eu era miúda, talvez ainda um símiozinho pré-verbal (embora digam aos montes esses olhos que tem todo filhote), e isso explicaria porquê precisei por dívida inata montar as palavras — porque não, mesmo depois de aprendidas e comercializadas elas não se expuseram a meu dispor. ainda hoje é afeto passional, eu as obrigo e elas se contorcem — e putas se drenam os órgãos, se dão secas e ocas. que eu faço com os invólucros?  codifiquei apenas. ainda vetada ao diálogo, uma vez que o sensível e o conceito são de ordens distintas , uma guerra antiga. é um mistério ser possível ponderar sobre os riscos e ainda assim mais uma criança acabar inventada. me choca como algo acontece de ser tão frágil, como...