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Mostrando postagens de maio, 2020

barbara

a outra vai pisando torto você não ouviu as notícias? da bastarda por fórceps  da puta precoce da louca que se lê  esperando apenas pra perder tudo aquilo que é certeza ela vai encontrar outro homem que vai dizê-la  que ele é tudo que ela precisa - um tempo vermelho - ele vai me dizer tudo que já sei como se fossem suas ideias próprias  a noite mostra  as costas nuas de abraço  e os gêmeos pulsos dilacerados quis soprar longe a química excedente - o sofrer dormente  que vive no “porém” mas toda liberdade  só pode nascer do adeus  eles mordem e fogem e  contam o que querem sobre mim hey hey my babsi a outra de mim a pressão atrás dos meus seios menininha azul pagando caro único lazer na arte do sangue  histórias deploráveis  são a distração preferida de deus  babsi você foi tão pequena até então  como um veneno concentrado você seria brilhante  não fosse de si a pró...

smother

você volta  demasiado imperativa  em seu manto oblíquo de miséria  como a capa  de uma velha rainha você desperta dentro da minha insônia diária  e se deita larga sobre meu peito  respira denso o meu próprio resfolegar e concreta meu tórax contra o colchão você retorna  com sua fronte sem traços  mas de onde ainda se capta certa presunção por finalmente poder se esticar  em sua torturante envergadura  e, veja - mesmo sendo mais alta que a média  esse meu humilde corpo não te comporta  então, travestida de natureza, perpassa as pupilas para recobrir em grossas camadas  as luzes que restam apenas por acidente  - e tão veloz quanto a luz  e quanto sua respectiva ausência - desata criando perigo nos tons neutros e nos rostos amigos nas vias públicas, nos afazeres básicos  e nos signos mais banais  se torna tão parte das essências,  inerente e filha de tudo -...

INTERRUPTA (08/2018)

e  se livrar de mim como se eu fosse um punhado dos teus piores agrupamentos celulares começo assim pra entender que desd’o jorrar, de fato, – conjunção aditiva – a relação é de um texto que continua e continua sem início correndo atrás de sua gênese de onde veio esse conectivo? não há nada aqui. pare de adivinhar os confins do corpo eu desapareci em algum lugar entre as conjecturas – e as conjunções condicionais teria você hesitado? pensou duas vezes? quer dizer, só duas vezes? não dez ou cem antes de me esfacelar pra fora de si? e longe decidir que eu não teria mesmo te deixado ir tão longe ou mesmo ido eu mesma quantos sinônimos existem para “expulsar”? eu ainda posso imaginar (e é isso que me deixa doente) você tomando o maldito chá com sua família-de-verdade decidindo que eu não cabia aí nem aos fins de semana ou nas férias (que você garante que nunca tem) eu tinha seus olhos você não tem como saber – nem eu depois de sugada até esse não-lugar híbrido de querer e crime tudo pa...

pra você dar o nome

o problema em si é bem mais simples que personificar, repito. já disse isso? típico de quem tem essa síndrome, acorda e faz quaisquer palavras um crime, um conluio com o hediondo , é, viver de criar jeito . viver de criar jeito . sobre-quem-falo, você está aí? me ouve, me ouve? interrogo, mas é um imploro. claro que não está e por isso me encolho tão pertinho do choro. não posso dizer teu nome, primeiro porque me descubro cardíaca e segundo porque é um desses chamamentos de deus, e de deus eu não falo. não esse deus que me imperativaram dobrar os joelhos, ele também não me ouviu, mas não por exaustão como você, e sim por escolha. esse de quem eles falam assiste e se distrai, eclético - basta os bichinhos experimentos se contorcerem numa grande caixa oval. as tripas não saem da caixa certo? então basta.  te criei - reificam esse caso pra mulher, já se sabe. concepção e gestação compulsórias, te peguei homem feito, deixei que se enfiasse no meu útero lotado de pedrinhas e ...

antônimo de tal

"felicidade" em uníssono. eu digo “vitalidade” há 3 ou 4 meses levantava com vontade.  abraçava quente minha mãe, bom dia . sentava à mesa tagarela, me arrumava sem pensar em mais que aquele agora exigia. saía em passos rápidos, ágeis, figurando o vívido de uma criatura. pegava o coletivo sem me perturbar com grandes questionamentos. assistia às aulas cheia de anotações, interagia com facilidade e gosto - as trocas eram fluidas . entrevia a denúncia de pôr-do-sol pelas janelas de algum bloco daquela federal, que pela primeira vez me parecia apenas mistura dos blocos velhos e muita cor de gentes, ao invés de um bosque de guerra interna que me instigava taquicardia e enjôo assim que atravessava um limiar. as coisas ao redor eram apenas elas mesmas, sem qualquer teor adicional de perigo ou mágoa iminente . eu mal recordava aquela outra , bicho em eterno modo de defesa, cheio de raiva e por baixo da raiva o medo e por baixo do medo o vazio melancólico inextirpável. eu mal lembra...