INTERRUPTA (08/2018)

se livrar de mim

como se eu fosse

um punhado

dos teus piores

agrupamentos celulares

começo assim

pra entender que

desd’o jorrar, de fato,

– conjunção aditiva –

a relação é

de um texto que

continua e

continua

sem início

correndo atrás de sua gênese


de onde veio

esse

conectivo?


não há nada aqui.


pare de adivinhar

os confins do corpo


eu desapareci em algum lugar

entre as conjecturas –

e as conjunções condicionais


teria você hesitado?

pensou duas vezes?

quer dizer, só duas vezes?

não dez ou cem

antes de me esfacelar

pra fora de si?

e longe decidir

que eu não teria mesmo

te deixado ir tão longe

ou mesmo ido eu mesma


quantos sinônimos

existem para

“expulsar”?


eu ainda posso imaginar

(e é isso que me deixa doente)

você tomando o maldito chá com sua

família-de-verdade

decidindo que eu não cabia aí

nem aos fins de semana

ou nas férias

(que você garante que nunca tem)


eu tinha seus olhos

você não tem como saber

– nem eu


depois de sugada

até esse não-lugar

híbrido de querer e crime

tudo parece tão mais agressivo

porque você primeirou

a transformar qualquer destino

num puta labirinto


buceta! pudesse eu

começar de novo


e foi

“porque não quis”

e eu por natureza não pude

implorar

“não me arrebates daí de dentro”


por meio de ti

esses comprimidos

que eu não posso

cittar

em público


eu não sou

assunto do almoço

não me mencionam

senão no auge do silêncio ou

da sátira curiosa

e tu traz tom de raiva na voz

(tampouco me daria um nome)


“ELA”

“AQUILO”

– a vã discrição de um canalha.


mas eu sei o que você fez

em todas as estações desde 1997.


como você não

morde a si próprio

sabendo que eu

escorri antes do tempo...?


como você pôde

deliberadamente

escolher o mais-tarde da coisa...?


buceta... pudesse eu

começar de novo

não permitiria

o encontro de vocês


eu a diria

CORRA

NÃO ME DEIXE EXISTIR

e te abortaria

a façanha desse deixamento todo

de me relegar à

dispensa suja dos passados impronunciáveis

de memórias que parem mal estar


e então o sangue fugiria

da cena do crime –

no final do mês

como de costume.

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