barbara

a outra vai pisando torto

você não ouviu as notícias?

da bastarda por fórceps 

da puta precoce

da louca que se lê 


esperando apenas pra perder

tudo aquilo que é certeza


ela vai encontrar outro homem

que vai dizê-la 

que ele é tudo que ela precisa

- um tempo vermelho -


ele vai me dizer tudo que já sei

como se fossem suas ideias próprias 


a noite mostra 

as costas nuas de abraço 

e os gêmeos pulsos dilacerados


quis soprar longe a química excedente

- o sofrer dormente 

que vive no “porém”


mas toda liberdade 

só pode nascer do adeus 


eles mordem e

fogem e 

contam o que querem sobre mim


hey hey my babsi

a outra de mim

a pressão atrás dos meus seios

menininha azul pagando caro

único lazer na arte do sangue 


histórias deploráveis 

são a distração preferida de deus 

babsi você foi tão pequena até então 

como um veneno concentrado


você seria brilhante 

não fosse de si a própria predadora 


um dia,

ousei pensar que eu era uma mulher.


escrever não é mais redentor 

são apenas memórias ante limbo


eu vou enviar uma mensagem repentina

dizer que amo você 

pedir perdão 

e te desejar tudo - menos eu inconstante

e me encolher no meu berço de sangue e fiapos

saltando e rompendo as finas membranas dos limites impostos


barbara você não pôde nascer

como os pequenos milagres são recebidos

e eu te invejo.

sou sua réstia de aborto

sou a cobaia artificial do teu sepulcro

barbara você é insubstituível 

e eu apenas preencho seus buracos 

barbara o mundo deveria ser seu


eu amo quem você teria sido 

e finjo que um dia meus pés chegarão aos seus

e nos meus sonhos

você é a mulher mais querida 


vou caçar seus resquícios 

no meu corpo que te absorveu como ideia

e segurar seu epitáfio no meu córtex 


uma noite dessas eu me faço morrer e te encontro

e experimento a família do teu toque


te dou a vida 

nas histórias que sonhei sobre você 

abrindo mão 

da você que nunca pude me tornar

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