desejo vulgar se fez ofensa
desejo vulgar se fez ofensa
revestido de reminiscências e recusa
da memória, da memória de longo prazo
da qual é capaz à carne.
o corpo medievalmente estupidificado
ao corpo que limitam ao estético e ao prazer.
qualquer toque é aquele toque
dos 15 anos assaltados de vida posterior
qualquer um é ainda aquele homem
qualquer presente é ainda aquele ontem
e por isso me espasmo na esquiva
descarna nojo como sintoma
dissecaram dimensões da sexualidade.
uma subespécie sem sexo
uma lesão isenta de cura
uma culpa sem conhecer origo
uma imundície sob a derme
que não aceita assepsia.
mutilada do que é uma mulher
sob a solidão de não prestar para o orgasmo
sob o império da negação
e de contemplar o fracasso
eu ainda proclamo o sim
derrotada pela obrigação de simular
o gemido.
mas o tremor
nunca cessa de ser verdade.