inveja
de quando discute capaz da apatia
e da completa blindagem aos apelos que tomam
mulheres caquéticas pela incerteza.
tenho inveja
desse desafeto naturalizado.
da selvageria infligida,
de como a concentração na mesquinharia cotidiana
não se prejudica
dado que a combustão dos sentidos lhe é estranha,
desconhecida.
de como uma oralidade pode ser
(e é)
incongruente com todo o paraverbal
— você também já viu
quando as marcas da brutalidade se camuflam
no sofismo.
inveja, sim, dessa imunidade.
de como se é ausente vis a vis.
e toda emoção dormente
é proclamada ira e posse
assim fazendo de mulheres suas propriedades
sujeitas ao vilipêndio.
a ele não tocamos
embora ele conquiste a entranha
sem pretender mais que um gozo intermitente.
como se corpos só ocos pluriformes fossem —
mesmo aquele
aquele
que pretendeu se fazer ninho.
e tanto rasga e arranha
uma ferida — essa ferida
desde o início conhecida.
absoluto absolvido,
dorme pesado à noite
e abstrai e ri e fode
(ainda que leia na outra face o desgaste)
e quebra mulheres como louças velharias de porcelana
que não merecem quaisquer reminiscências
imediatamente inerte um passado
e embora se aparte dos braços
perpetua a prisão desses mesmos membros
agora mutilados.