quase lambi 
num hábito fosco
os mamilos do homem
acima de mim
e aquela ali, amanhecendo
escura na cama de um estranho,
é uma versão minha que 
você tinha curado 

as línguas apenas avulsas
se desencontrando 
num ponto crítico 
sem retorno

e as mãos de um outro que 
gentilmente me acariciavam, 
eu interrompi
para checar que não havia os músculos 
que as suas cultivaram
de tanto tocar algo
que não sou mais eu

agora me disperso tão podre quanto você 
enfim compatíveis,
podemos disputar pecados hediondos
até que empoeirem

me pergunto como é possível 
sobreviver qualquer desejo pelo alheio
logo após conhecer o Amor por alguém 
sobreviver
– coisa essa em que só você é perito

sempre espero te encontrar 
escorado às portas dos ambientes 
em inanição do abraço não ensaiado
no interior de onde se dissolveria o mundo

a playlist no modo aleatório trouxe
aquela banda dos anos 80 que você adora
e eu apertei os olhos te vendo dançar na cozinha
há mil anos

através do espelho, penso que
você diria que estou bonita
mas não dirá 

ao mesmo tempo leio algo
que te faria curioso
e eu amava essa sua expressão 
escavando uma dúvida 

alguém ri porque deixei
sujar meu queixo,
e eu espero a sua piada sobre
eu comer como uma criança
mas ela não veio

qualquer dia desses
eu me explodo pra você ver
o que há dentro –

eu vi um um casal de mãos dadas
eu vi um pássaro pousado na grade 
eu vi o dia 19 no calendário 
e tudo em volta era você 

tanto eu você construiu sozinho
e agora, órfã como
o prometeu moderno
amaldiçoa seu Criador

guardo o 18° andar porque sei
que ainda vou precisar 
– e lançar mão
e lançar pés 
e todo o meu resto
quando eu descobrir
o manancial de epílogos
que você não se dignou a escrever

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