schize



me acho por ocaso no à-parte

nesse a-mais, um mais-que-demais, 

o entre-meio é desconhecido cheio de saudade

e quando minha voz desata das cordas 

é sempre em nome da cisão 


economia nômade: trânsito exclusivo em pólos

não tenho poder sobre os caminhos,

e pouco os vislumbro até me voltar ao lugar-tal

- que escapa de ser lugar-nenhum pela familiaridade 

de extremos trágicos e particulares -

onde a vaidade do espaço se confunde e exalta

essa minha voz sob tom que surra ainda que sussurre

(estrangulada por todas as palavras aprendidas na calma, claro)

“pode gritar 

e como não? deve gritar”

e antes do rosto se romper num abismo de boca:

“que grite com os nós dos dedos

e com os olhos de esponja ciana 

e com o metafísico das lâminas opacas 

quando a ferrugem precede o ferro

e brutalize - porque há quem só mereça a fúria 

e a carranca de todo teu medo

que, expansivo e valoroso,

mascarado de ira pede súditos 

escravos de uma guerra sem conquista

cujos motivos se perderam entre eles, sempre eles, os homens”


“e tem sido um jogo de oxímoros 

já que todos os semideuses que cavalgam sobre a terra arquitetaram tua masmorra

já que todo o amor, o amor e o que há depois do próprio amor - movendo-se em emergência em direção a essa epifania -

miserável como todo niilismo -

de que não há nada mais falho e mentiroso do que aquilo que você escolheu”


“ora ora

você parecia tão esperta enquanto o ônibus atravessava os cata-ventos 

e estava finalmente imitando os bilhões de passos que ecoam

como exércitos de marretas”


“você, eu

quisemos até sorrir bom dia

contar os dias para o carnaval 

trocar zangas comuns

e repetir “graças a deus”


e se permitir dominar por essa estranha cor azul -

duma melancolia conformada, como elegia romântica

e ser arregaçada

e ser fagocitada”


“até que -

que -


você entala as gargantas 

e tritura frases-fetos

e convence que o carinho é uma jornada dupla de trabalho

e pastoreia o ácido 

de não ser digerida 

com seu cajado-estaca


e é a alma mais errante da qual o solo do inferno já foi vítima 


o que você toca sofre

o embaço do contorno

- e como as silhuetas esguias dos cata-ventos contra o lusco-fusco

é só das bordas,

íngremes até os pés se curvarem inseguros,

de onde você pode notar

a paisagem”

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