vai tomar todos os cuidados
-- isso você sabe planejar apropriadamente
o importante é que eu não descubra
-- mas posso adivinhar
(a nua verdade nas rimas pobres
quando se é pobre de verdades nuas)
não temos status de compromisso
(seu significante benefício)
além de um vínculo forjado a ferro e fogo
além do meu corpo colonizado seu império absoluto
além da minha alma existente só pra ser aspirada
-- você me deve explicações
e fica inadimplente
quando você me fode assim
e é diferente até a cadência,
imagino se te suscita lembranças paralelas
ou se aprendeu com outra experiência
enquanto comigo -- durante --
quando virei as costas por um instante
juro nenhuma mulher merece passar por isso
-- você pergunta então,
como quem dá de ombros (é só retórica),
o que pode fazer
gaguejo um pequeníssimo "nada" e
imito que deixo pra lá
(afinal você já fez muito
muito mais do que devia)
(minha voz aprisionada --
não quero atiçar sua ira)
(pelo amor do seu Deus,
de novo isso de novo não
por favor imploro em coro
eu não aguentaria --
por favor perdure meus olhos secos
na espessura habitual
os traços do teu rosto não tremulam
capaz de mentir olhos nos meus
-- eis o homem: ataque animal mais letal
com sua saliva infecciosa
instituindo uma sepse emocional
sua moralidade é externa, como a das
crianças muito pequenas
cujo sentimento de culpa depende
das consequências providas por alguém
imagino
de quem você se aproxima
quando estou longe
-- eu não quero morar nesse hectare
sendo sua casa
de reabilitação
remonto cenários minuciosos
de catástrofes na esquina
ainda há digitais que não são minhas
na periferia do seu corpo
-- recente em voga
fito apaixonada as vigas
potentes em sustentar meu peso
viva na iminência do terror
você ainda vai me estilhaçar
calçando botas sobre os cacos
-- e assim nenhum único fio de sangue
de ti brotará